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Demandas ambientais levam tecnologia à indústria do cimento

Indústria investe cada vez mais em produtos menos impactantes e influencia positivamente em toda a cadeia da construção civil

Por: Altair Santos
A indústria cimenteira do Brasil é uma das menos poluentes do mundo. Seja pelo uso de energia limpa, seja pela forma como extrai os componentes para a produção de cimento e seus derivados, ela emite bem menos CO2 se comparada a outros países. Isso não significa que não haja investimento em pesquisa para amenizar o impacto ambiental causado pelo setor. Pelo contrário, segundo o professor e pesquisador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Vanderley Moacyr John, a indústria cimenteira é atualmente uma das áreas mais atentas à busca de avanços tecnológicos para se adequar às demandas ambientais.

Na opinião do especialista, a mobilização da indústria cimenteira em direção às questões ambientais tem influenciado positivamente toda a construção civil. A começar pelo investimento em tecnologia do concreto. “Certamente, a próxima fronteira é a transformação do que chamamos de agregados, que hoje são produtos muito rudimentares, em um produto industrial mais sofisticado, com grande controle de forma, distribuição granulométrica, entre outros. É muito provável que o tamanho máximo dos agregados fique abaixo de 6mm nos próximos anos e que o número de faixas granulométricas se multiplique permitindo um maior controle reológico e economia de ligantes”, explica o professor.
Vanderley Moacyr John lembra que hoje a tecnologia do concreto está cada vez mais avançada. “Em boa parte do mundo não se faz mais concreto misturado em obra. Geralmente se usam os aditivos dispersantes ou plastificantes, que além das razões econômicas, podem reduzir o custo e trazer grandes benefícios ambientais. Atualmente, o concreto definido como mistura de clínquer, um pouco de sulfato, areia, brita e água é quase considerado um crime ambiental”, conta John. Ainda de acordo com o especialista, essa guinada tecnológica se deve muito à produção de cimentos mais sofisticados.

Os “cimentos genéricos”, analisa o professor da USP, estão fadados à extinção. “Eles vão perder espaço para cimentos que incorporarão aditivos dispersantes, fibras e teores variáveis de fíler com granulometria controlada. Para o futuro, certamente serão desenvolvidas soluções customizadas para nichos de mercado, com alto valor agregado”, revela Vanderley Moacyr John, acreditando que daqui a 10 anos até a nanotecnologia já estará fazendo parte da produção de cimento. “Em uma década ela será uma ferramenta poderosa para desenvolver novas soluções e otimizar os produtos”. completa.


Uma aplicação interessante já comercializada, ligado a nanopartículas, é a produção de concreto autolimpante com partículas de Anatásio (TiO2). “Imagino que no futuro será possível deixar uma superfície de concreto aparente sem se preocupar com limpeza periódica”, afirma o especialista. Ele alerta, porém, que no Brasil os estudos sobre o uso de nanofibras de carbono em cimento ainda estão começando. A única pesquisa neste sentido está em desenvolvimento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas com pouca divulgação. “Existe o temor de que as nanofibras tenham riscos similares aos observados com o amianto. Por isso, as pesquisas ainda se desenvolvem sob sigilo”, revela Vanderley Moacyr John, convicto de que a tecnologia do cimento causará grandes transformações na construção civil.

Entrevistado
Vanderley Moacyr John

Currículo

- Doutor em engenharia civil
- Professor e pesquisador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
>> Contato: vanderley.john@poli.usp.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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